quarta-feira, 28 de outubro de 2009

CONTINUAÇÃO...

(PARTE 4)


Migalhas no chão e prateleiras vazias

          A presença de Deus tem deixado de ser prioridade na Igreja moderna. Estamos como padarias abertas, mas que não têm pão. Além disto, não estamos, realmente, interessados em vender pão. Apenas gostamos do bate-papo ao redor dos fornos frios e prateleiras vazias. Na verdade, fico imaginando, será que ao menos sabemos se o Senhor está aqui ou não. E se está, o que Ele está fazendo? Onde Ele está indo? Ou será que estamos preocupados demais em varrer as migalhas imaginárias das padarias sem pão?

Será que sabemos, pelo menos, quando Ele está na cidade?

          No dia em que Jesus realizou o que chamamos de Entrada triunfal em Jerusalém, montado em um jumento, Seu trajeto através da cidade, provavelmente, o fez passar perto da porta do templo de Herodes. Acredito que o que deixou os fariseus indignados, na passagem registrada em João 12, foi a perturbação de seu culto religioso dentro do templo. Posso ouvi-los reclamando: “O que está acontecendo? Vocês estão perturbando o sumo sacerdote! Não sabem o que estamos fazendo? Estamos tendo um importante culto de oração aqui dentro. Sabe por que estamos orando? Estamos orando pela vinda do Messias! E vocês têm a audácia de fazer este desfile barulhento e nos perturbar?! E quem é o responsável por todo esse tumulto?”

Está vendo aquele moço montado no jumentinho?

          Eles perderam a hora de sua visitação. O Messias já estava na cidade e eles não sabiam. O Messias passou em sua porta, enquanto estavam lá dentro orando para que Ele viesse. O problema era que Ele não veio da forma esperada. Eles não O reconheceram. Se Jesus estivesse em um cavalo branco, ou em uma carruagem real, com soldados à sua frente, os fariseus e os sacerdotes teriam dito:' “Deve ser Ele.” Infelizmente eles estavam mais interessados em ver o Messias derrubar o jugo do Império Romano do que o jugo espiritual que se transformara em uma praga entre seu povo.
          Deus está pronto para Se manifestar, mesmo que precise Se desviar de nossas igrejas para manifestar-Se em bares! Seríamos sábios em lembrar que Ele já fez isto antes, ao se desviar da elite religiosa para jantar com os pobres, os profanos e as prostitutas. A Igreja do Ocidente e a Igreja Americana, em particular, têm exportado seus programas sobre Deus para o mundo inteiro, mas é hora de aprender que tais programas não significam avanço espiritual. O que precisamos é da presença de Deus. Precisamos tê-la, não importa o que aconteça, de onde venha ou o quanto custe. E o Senhor quer vir, mas do Seu jeito, não do nosso. Até que Ele venha, a ausência de “maravilhas” vai assombrar a Igreja. Podemos estar aqui dentro orando para que o Senhor venha enquanto Ele passa lá fora. Pior que isto, os que estão aqui O perdem enquanto os que estão do lado de fora marcham com Ele!

 ...

          Temos, falsamente, anunciado que há pão em nossa casa. Mas quando vem a fome, tudo que fazemos é sair em busca das poucas migalhas dos avivamentos passados. Falamos sobre o que Deus fez e onde Ele esteve, mas
podemos dizer muito pouco sobre o que Ele está fazendo entre nós hoje. E a culpa não é de Deus, é nossa.



 

          Temos somente os vestígios do que já se foi - um resíduo da glória em extinção. E, infelizmente, conservamos o véu do sigilo sobre este fato, da mesma forma que Moisés manteve o véu sobre sua face depois que o brilho da
glória se extinguiu. Camuflamos nosso vazio assim como fazia o clero nos dias de Jesus, mantendo o véu no lugar tradicional, mesmo não estando mais a arca da aliança por detrás dele.
          Deus também precisa rasgar o véu de nossa carne para revelar nosso vazio interior. E uma questão de orgulho - apontamos orgulhosamente para onde Deus esteve (preservando a tradição do templo), ao mesmo tempo em que negamos a irrefutável e manifesta glória do Filho de Deus. Os religiosos do tempo de Jesus não queriam que o povo percebesse que não havia glória atrás de seu véu. A presença de Jesus representava problemas. Os religiosos pragmáticos se acham no dever de preservar o local onde Deus esteve, ainda que isto implique a sua privação do local onde, de fato, Deus está!
          O homem que tem uma experiência nunca ficará à mercê daquele que só tem argumentos, “... uma cousa eu sei: Eu era cego, e agora vejo!” (João 9.25b). Se pudermos conduzir as pessoas à presença manifesta de Deus, todos os aparentes “edifícios” teológicos construídos de papelão vão se desmoronar. Por que as pessoas dificilmente curvam suas cabeças quando vêm a nossas reuniões e lugares de adoração? “Para onde foi o temor de Deus?”, clamamos como o avivalista A.W. Tozer. As pessoas não sentem a presença
de Deus em nossas reuniões, porque ela não está lá em nível suficiente para estimular os nossos “sensores espirituais”. E isto, por sua vez, cria outro problema. Quando as pessoas captam um pouco de Deus, misturado com muito daquilo que não é Deus, acabam se tornando resistentes ao que é verdadeiro. Então, quando dizemos: “Deus está, realmente, aqui”, elas dizem: “Não, eu estive aí, até comprei esta camiseta, e não O encontrei. Realmente, não funcionou para mim.” O problema é que Deus estava lá, mas não havia o suficiente d'Ele! Não havia a experiência da estrada de Damasco. Não havia o sentimento inegável e irresistível de Sua presença.
          



          As pessoas têm vindo à Casa do Pão, freqüentemente, apenas para descobrir que aqui existe muito de homens e pouco de Deus. O Todo-Poderoso quer restaurar a sensibilidade de Sua magnífica presença em nossas vidas e em nossas igrejas. Cada vez mais, falamos sobre a glória de Deus cobrindo a Terra, mas como ela vai fluir pelas ruas de nossas cidades, se não pode nem mesmo fluir pelos corredores de nossas igrejas? É preciso começar por algum lugar, e não será pelo lado de fora! É preciso começar aqui, “no templo”. Como Ezequiel escreveu:

“Depois disto me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas debaixo do limiar do templo, para o oriente” (Ezequiel 47.1a).


          Se a glória de Deus não pode fluir pelos corredores do templo, por causa da manipulação humana, Deus terá que se voltar para outro lugar, assim como fez no dia em que Jesus passou pela “Casa do Pão”, que era o templo em Jerusalém. Se não há pão na casa, eu não culpo os famintos por não irem até lá! Eu mesmo não iria!


Satisfeitos com migalhas no chão

          Podemos desfrutar da presença de Deus muito mais do que temos capacidade de imaginar, mas ficamos tão "satisfeitos" com o lugar onde estamos e com o que temos, que não reivindicamos o que há de melhor da parte de Deus. Sim, Ele está se movendo entre nós e trabalhando em nossas vidas, mas temos nos contentado em varrer o chão à procura de migalhas, ao invés de ter as abundantes fornadas de pão quente que Deus preparou para nós nos fornos dos céus! Ele preparou uma grande mesa cheia de Sua presença nestes dias, e está chamando a Igreja: "Venha e coma!”.
          



          Ignoramos a chamada de Deus, enquanto, cuidadosamente, contamos nossas migalhas de pão dormido. Enquanto isso, milhares de pessoas, fora das quatro paredes de nossas igrejas, estão famintas por vida. Elas estão doentes e saturadas da exibição dos programas feitos por homens. Estão famintas de Deus, não de histórias sobre Deus. Elas querem comida, mas tudo que temos para lhes oferecer são migalhas que sobraram do banquete que um dia esteve nas mãos de famintos desesperados, protegidas em vitrines de vidro.
         É por isso que vemos homens e mulheres bem-posicionados socialmente, usando cristais em seus pescoços na esperança de entrar em contato com algo que esteja além de si mesmos e de sua triste existência. Ricos e pobres se atropelando em filas para grandes seminários sobre iluminação espiritual e paz interior, engolindo, passivamente, todo o lixo que lhes está sendo passado como se fosse a última revelação do outro mundo. Como pode ser? Isto deveria envergonhar a Igreja! Tantas pessoas machucadas e carentes voltando-se para médiuns, astrólogos e espíritas para obter orientação e esperança em suas vidas! As pessoas, de tão famintas que estão, chegam a gastar milhões de dólares na indústria do ocultismo que surge da noite para o dia, manipuladas por falsos adivinhos, que não passam de exploradores oportunistas - até mesmo os verdadeiros médiuns ou guias, que tradicionalmente exploram o mundo de espíritos satânicos, são raros neste grupo.




           O desespero é tanto que elas aceitam as orientações desses negociantes como se fossem uma visão espiritual. Ah, as profundezas da fome espiritual no mundo! Só existe uma razão para que as pessoas estejam tão ansiosas por um contato com algo misterioso, oculto, aceitando até falsificações: elas não sabem onde encontrar O que é verdadeiro. A culpa disto só pode recair sobre um lugar. Esta é a hora perfeita para que a Igreja do Senhor prevaleça. Quero repetir uma das chocantes frases que continuo ouvindo Deus dizer em meu espírito:

"Existe mais de Deus na maior parte dos bares do que na maior parte das igrejas."


          Nem crentes nem incrédulos sentem necessidade de se prostrarem quando estão em um culto de adoração, e isto não é imaginação. Eles não sentem a presença de nada nem de ninguém digno de louvor em nosso meio. Por outro lado, se a Igreja se transformasse naquilo que poderia e deveria ser, então teríamos dificuldades para atender à demanda de "pão" na casa. E quando as pessoas entrassem em nossas igrejas, ninguém teria que lhes dizer para "curvarem suas frontes em oração". Elas se prostrariam perante Nosso Santo Deus, sem que qualquer palavra fosse dita. Mesmo os perdidos saberiam, instintivamente, que o próprio Deus havia entrado na casa (1Co 14:25).
         Perguntaríamos uns aos outros: "Quem ficará responsável pelos telefones amanhã?" sabendo que as linhas estariam ocupadas com pessoas ligando para dizer: "Tenho que ouvir a respeito de Deus!" Por que digo isto?
Porque, quando pagam quantias exorbitantes aos médiuns, as pessoas estão realmente tentando tocar em Deus e encontrar alívio para a dor em suas vidas. Elas só não sabem mais aonde ir. O Rei Saul nos deu o exemplo do errante desesperado que foi cortado da presença de Deus. Quando ele não pôde mais alcançar ou "pegar" Deus, ele disse: 


"Então, deixe-me achar uma bruxa. Qualquer pessoa! Tenho que ter uma palavra, mesmo que eu tenha que me disfarçar e penetrar sorrateiramente pela porta do fundo. Preciso ter acesso ao reino espiritual." (1 Sm 28:7).


          Existe outro problema com o qual Deus está preocupado e Jesus o revelou quando repreendeu os líderes religiosos de seu tempo:

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando." (Mateus 23.13).


         Já é terrível quando você mesmo se recusa a ir, mas Deus fica incomodado quando você pára na porta e impede que outros entrem! Através de nossa ignorância espiritual e nossa falta de apetite, estamos parados na porta barrando os que estão realmente famintos e perdidos. Temos falado que há pão quando, na verdade, só existem migalhas de pão dormido. Isto tem deixado gerações famintas, desabrigadas e sem outra alternativa, a não ser partir para Moabe. E o preço cobrado em Moabe é muito caro: lá as pessoas pagam com seus casamentos, seus filhos, suas vidas.
          Agora, existem rumores de que há pão novamente na Casa de Deus. Esta geração, assim como Rute (que retrata os perdidos), está prestes a acompanhar Noemi, (um retrato dos pródigos), dizendo: "Se você ouviu que realmente há pão lá, então irei com você. Onde quer que vá, eu irei. Seu povo será meu povo, e o seu Deus será o meu Deus" (Rute 1.16). Se... realmente existe pão. A reputação de Belém (a Casa do Pão) estava tão prejudicada que Orfa não foi. Quantos, como ela, "não vão" porque a propaganda da Igreja esgota suas energias?
          Sabe quando é que as pessoas se integrarão rapidamente à Igreja local? No momento em que provarem o pão da presença de Deus. Quando Rute ouviu que o pão estava de volta em Belém, ela se levantou de sua tristeza para ir à Casa do Pão.


 CONTINUA...









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